As cantigas de amor tratam de emoções do "eu" masculino, em especial um amor não correspondido e inatingível por alguma donzela considerada ideal: delicada e alva, fina e aristocrata, em oposição à mulher rural e rude a quem deve obrigação.
A mulher era apresentada como "mia senhor", pois era dona do sentimento do cantador, que, por não ser concretizado, evoluía para um sofrimento constante. Este sofrimento por amor era denominado "coita" e muitas vezes era citado nas cantigas de amor.
A mulher era apresentada como "mia senhor", pois era dona do sentimento do cantador, que, por não ser concretizado, evoluía para um sofrimento constante. Este sofrimento por amor era denominado "coita" e muitas vezes era citado nas cantigas de amor.
É feita uma exaltação à pureza da mulher e o trovador se coloca como um cavaleiro medieval, assemelhando-se a um herói.
Novamente, Dom Dinis se apresenta como um grande autor desse tipo de cantiga, pelo que apresentamos aqui este poema, que está cantado no vídeo que se segue.
O que vos nunca
cuidei a dizer,
com gram coita, senhor, vo-lo
direi,
porque me vejo já
por vós morrer;
ca sabedes que
nunca vos falei
de como me matava
voss'amor;
ca sabe Deus bem que doutra senhor,
que non havia, mi vos chamei.
E tod[o] aquesto mi fez fazer
o mui gram medo que
eu de vós hei
e des
i por vos dar a entender
que por outra
morria - de que hei,
bem sabedes, mui
pequeno pavor;
e des
oimais, fremosa mia senhor,
se me matardes, bem vo-lo busquei.
E creede que
haverei prazer
de me matardes,
pois eu certo sei
que esso pouco que hei
de viver
que nẽum prazer
nunca veerei;
e porque sõo desto sabedor,
se mi quiserdes dar
morte, senhor,
por gram mercee vo-lo
[eu] terrei.
REFERÊNCIAS:
ABDALA JÚNIOR, Benjamin, PASCHOALIN, Maria Aparecida. História social da literatura portuguesa. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1985.
LOPES,
Graça Videira; FERREIRA, Manuel Pedro et al. Cantigas Medievais Galego Portuguesas [base de dados online]. Lisboa:
Instituto de Estudos Medievais, FSCH/NOVA. Disponível em <http://cantigas.fsch.unl.pt/artedetrovar.asp>
Acesso em 2 set 2016.
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