Vejamos esta cantiga de amor do
trovador português João Garcia de Guilhade, que diz que seus olhos ficam cegos de tanto chorar por não ver sua
amada e ficam também cegos quando a veem.
Estes meus olhos nunca perderám,
senhor, gram coita, mentr'eu vivo for;
e direi-vos, fremosa mia senhor,
destes meus olhos a coita que ham:
choram e cegam, quand'alguém nom
veem,
e ora cegam por alguém que veem.
Guisado têm de nunca perder
meus olhos coita e meu coraçom,
e estas coitas, senhor, mĩas som:
mais los meus olhos, por alguém veer,
choram e cegam, quand'alguém nom
veem,
e ora cegam por alguém que veem.
E nunca já poderei haver bem,
pois que Amor já nom quer nem quer Deus;
mais os cativos destes olhos meus
morrerám sempre por veer alguém:
choram e cegam, quand'alguém nom
veem,
e ora cegam por alguém que veem.
mentre: enquanto
guisado: preparado
coita: sofrimento
cativo: infeliz
Nesta
cantiga temos 3 cobras (estrofes) com 6 palavras (versos). É uma cantiga de
refrão e paralelística.
As
cantigas de amor tiveram forte influência das cantigas provençais, chamadas
também de cansó, que retratava um
amor que visa a um tipo idealizado de mulher, uma aspiração sem
correspondência.
Para conhecer mais cantigas acesse o site Cantigas Medievais Galego-Portuguesas.
Referências:
FURTADO, Fernando Fábio Fiorese.
Aulas ministradas entre os dias 29 de agosto e 20 de setembro de 2016, na
Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora.
SARAIVA,
Antônio José, Lopes, Oscar. História da Literatura Portuguesa. Porto: Porto,
1987.
Site:
http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=404&pv=sim, acesso em 25 de setembro de 2016.
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