sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Cantigas de Escárnio e Maldizer

As cantigas satíricas compreendem as cantigas de escárnio e maldizer. Apesar de serem semelhantes por apresentarem aspectos típicos da vida dos jograis e da corte, sem artificialismos, possuem nuances diferentes que nos permitem dividi-las entre os dois tipos.

  • Cantigas de escárnio: apresenta críticas sem individualizar a pessoa criticada, muitas vezes críticas veladas ou com palavras de duplo sentido.
  • Cantigas de maldizer: não há palavras subentendidas, mas críticas bem direcionadas a pessoas identificadas.
Tanto jograis quanto trovadores abordavam esta temática, que foi pouco utilizada politicamente, mas que pode ser considerado o documento de uma época, pois as críticas eram cantadas de feira em feira, de castelo em castelo.

Exemplo de cantiga satírica é Dona Fea, de João Garcia de Guilhade.

Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv'en[o] meu cantar;
 mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
       dona fea, velha e sandia!
  
Dona fea, se Deus mi perdom,
pois havedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia;
e vedes qual será a loaçom;
       dona fea, velha e sandia!
  
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;
e direi-vos como vos loarei:
       dona fea, velha e sandia!

Este vídeo apresenta uma versão cantada 





REFERÊNCIAS

ABDALA JÚNIOR, Benjamin, PASCHOALIN, Maria Aparecida. História social da literatura portuguesa. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1985.


LOPES, Graça Videira; FERREIRA, Manuel Pedro et al. Cantigas Medievais Galego Portuguesas [base de dados online]. Lisboa: Instituto de Estudos Medievais, FSCH/NOVA. Disponível em <http://cantigas.fsch.unl.pt/artedetrovar.asp> Acesso em 2 set 2016.


VÍDEO. Disponível em <  https://www.youtube.com/watch?v=GZDs46ikq38>. Acesso em 02 set 2016.

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